15, 10, 5…4…3…2…1… SAÍ!
Primeira surpresa. Onde estão os simpáticos comissários que junto à janela do carro e com a utilização das mãos nos davam ordem de partida? Não há! Foram substituídos por um cronometro!
Começou! Nos primeiros 50 metros senti uma alegria interior inimaginável… estava novamente ao volante 25 anos depois.
Calmo, tranquilo como antigamente.
Caramba… os intercomunicadores não funcionam na perfeição e a única passagem de reconhecimento feito previamente é insuficiente… força a memória!
A pressão dos pneus está muito elevada! O carro escorrega imenso.
A meio da especial um salto… caramba não conheço o comportamento do carro… mas se há oportunidade de conhecer é agora! Decidi manter o acelerador em baixo e logo se veria. Fantástico! Que aterragem suave… que diferença para o meu querido UMM de troféu.
Chegamos à tomada de tempo com o 4º tempo da categoria T8.
Na assistência verificamos o carro, falei na pressão dos pneus mas optamos por a manter elevada minimizando o risco de furo uma vez que na segunda passagem o terreno estaria muito degradado para nós.
Agora tentaria rodar mais rápido. Sabia onde tinha perdido muito tempo e o percurso estava ainda muito fresco na memória.
15, 10, 5…4…3…2…1… BIP!
Que chatice, a pista estava super degradada. Ser dos últimos a partir tem esta grande desvantagem.
Batemos forte num buraco e de repente o carro adornou sobre a frente direita… Tinhamos um problema!
Viemos até final do troço onde os nossos rapazes nos aguardavam.
Ao entrar no posto de assistência, olho para as faces dos rapazes ainda antes de parar o carro e vejo o desânimo…
O 6º tempo da categoria T8. De que vale se o dano poderia ser vasto…
A válvula do amortecedor partira e com isso a pressão e o óleo desapareceram.
De imediato o João e o Zé Rodrigues como pedintes, vaguearam pela zona de assistência suplicando a todos a cedência de uma válvula. Eu tentava ligar para o Porto, procurando uma alternativa para tentar obter uma válvula.
O João e o Zé regressam com a triste noticia de que ninguém tinha uma válvula mas que, um senhor estrangeiro da South Racing viria assim que pudesse junto de nós na tentativa de nos auxiliar… pois está bem… estou mesmo à espera que um técnico estrangeiro de uma equipa profissional venha auxilar esta cambada de amadores.
Há que encontrar soluções!
Depois de uma chamada para o nosso amigo Carlos Alves que se prontificou a ceder as suas suspensões, restava deslocar-mo-nos a Avis.
De imediato, o José Canavilhas, António Realista e Manuel Lopes meteram-se no carro para irem de Idanha a Avis.
De repente… aparece o nosso técnico estrangeiro! O simpático Adrien.
Após verificação instrui-nos sobre uma série de tarefas que se revelaram eficazes.
A Rapaziada, (Carlos Cabedal, Filipe Martinho, Euclides Ribeiro, Ricardo Silva e Zé Rodrigues) trabalharam arduamente para que continuássemos. Estavamos de volta!Estávamos na corrida embora muito limitados e com a recomendação do Adrien para ir devagar.
Optei por manter a pressão dos pneus elevada. Já que não podia andar mais rápido, pelo menos evitaria furos.
Não houve muito por relatar… sempre rolante até de repente o João me pedir para parar porque o sistema Hans tinha-se deslocado e pressionava-lhe a jugular.
Rolamos até final com calma mas, curiosamente, senti um equilíbrio no carro como não existisse qualquer problema.
Chegados à zona de assistência, verificamos o carro, tentamos mais uma vez resolver o problema dos intercomunicadores e, desta vez, pedi para baixar a pressão dos pneus.
Saímos com vontade de rodar mais rápido e muito francamente o carro estava agradável de conduzir, até que… aos 30 kms de prova chegamos rápidos demais a uma curva esquerda com inclinação exterior.
Caramba… não consigo apanhar o apex da curva! O carro escorrega uniformemente para a ravina! Ganha coragem e aponta-lhe a frente para o buraco senão vão capotar…
Eis-nos plantados numa ravina de 10 metros de desnível da pista, cheia de palha e paus. Tentámos a saída fazendo recurso da potência do motor… mas nada!
O João tenta, 10 metros mais acima, pedir auxilio a um concorrente para nos retirar do buraco usando as cintas de reboque.
Eu, no carro, aguardava ao volante pressionando o pedal de travão dada a inclinação. De repente… caramba cheira a queimado! JOÃO! JOÃO! Temos um principio de incêndio!
Resolvido o principio de incêndio, eis que uma alma gémea concorrente (eram irmãos gémeos), retiraram-nos do buraco.
A embraiagem tinha sofrido… tínhamos perdido 24 minutos plantados… mas… continuávamos em prova!
Durante alguns quilómetros fomos sentindo se havia algum comportamento estranho no carro. Mas não! Tudo, excepto a embraiagem estava bem.
Chegamos ao fim… carregados de pó dado que a borracha da porta se rasgou no acidente.
16º da Geral, 3º categoria T8.
Acima de tudo uma alegria podermos em equipa partilhar no pódio a alegria e a compensação de muitos meses de trabalho.
Agora venha Portalegre!
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